terça-feira, 9 de julho de 2013

Agrotóxicos e a Revolução Verde



Vários agrotóxicos eram utilizados na Segunda Guerra como armas químicas. O DDT foi utilizado para acabar com o inseto propagador da malária nos campos de batalha. Somente mais tarde que se descobriu que era cancerígeno e cumulativo no corpo. O agente laranja, uma mistura de dois herbicidas, foi usado nas florestas como desfolhante pelo exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã de forma que os nativos não tivessem mais onde se esconder. Em consequência surgiram vários casos de malformação, câncer e síndromes neurológicas na população do Vietnã e nos soldados americanos.
No pós-guerra, esses químicos começaram a ser utilizado na agricultura com o objetivo de produzir alimentos em maior escala. Foi então que surgiu a Revolução Verde e John D. Rockefeller foi um dos precursores na divulgação dos métodos. Este, fundador da Standard Oil Company, dominava a indústria do petróleo nos Estados Unidos. Ele sabia que alimentados plantados de maneira sustentável era melhor para a saúde e meio ambiente, mas queria ganhar dinheiro. Com a modernização das lavouras, ele vendia mais petróleo. Ao invés de abastecer tanques de guerra, abastecia tratores.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Assim que a agricultura convencional começou a ser implantada acentuou-se o desequilíbrio social. Na época o governo utilizou recursos públicos para o fomento da agricultura de exportação, em detrimento do fortalecimento da agricultura familiar, levando ao empobrecimento cada vez maior dos agricultores e, consequentemente, ao êxodo rural. Foram várias as consequências negativas da agricultura moderna:
- Os agrotóxicos contaminam os rios, a atmosfera e lençóis freáticos;
- Os fertilizantes altamente solúveis em água desequilibram a nutrição das plantas, tornando-as mais sensíveis a pragas e doenças.
- Aumento da crise social no campo, impedindo a viabilidade dos pequenos agricultores;
- Surgimento e aumento do número de pragas resistentes a agrotóxicos;
- Resíduos nos alimentos muitas vezes ultrapassam os limites considerados toleráveis.
A escritora norte-americana Raquel Carson escreveu o livro “Primavera Silenciosa” questionando o padrão agrícola convencional. Seu nome tornou-se símbolo de um protesto radical contra a forma com que a indústria química tratava a Terra e a vida selvagem. Outro livro, “O Futuro Roubado”, teve grande contribuição para a humanidade. A obra retrata os efeitos dos agrotóxicos e outras substâncias químicas sobre a vida animal, seus acúmulos na cadeia alimentar e o comprometimento da saúde e reprodução da espécie humana.
Mais existe uma saída, muitas comunidades e pesquisadores preservaram e vem melhorando os modos de produção tradicionais. Esses métodos de produção tradicionais preservam a biodiversidade, valorizam o conhecimento local e o ambiente como um todo. Em breve pretendo falar mais sobre os sistemas de produção agroecológicas e seus benefícios.

“É preferível o bem de muitos à opulência de poucos.” (José Marti)

Fonte: Agroecologia: a semente da sustentabilidade, Epagri, 2009

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