Vargem do Braço é uma
comunidade rural localizada no município de Santo Amaro da Imperatriz e está
totalmente inserida dentro do Parque Estadual Serra do Tabuleiro. A região tem enorme importância ecológica,
pois protege um dos principais mananciais de água potável que abastece a região
da Grande Florianópolis. O parque existe a mais de 30 anos e gera conflitos com
os moradores tradicionais e os órgãos ambientais responsáveis. Estes conflitos
geram problemas de ordem emocional, pois estas famílias não sabem como ficará
sua situação. Também houve desvalorização das terras impactando no valor das
indenizações, sendo essa uma das fontes dos conflitos. Como não é permitida a
construção e reforma de casas, muitas famílias foram praticamente “expulsas” da
comunidade.
Além disso, muitas
famílias praticavam a agricultura convencional provocando impactos ambientais e
também sofriam com a própria contaminação. Para ajudar essas pessoas a terem
uma vida mais digna e dar um pouco de esperança, alguns agricultores tiveram o
primeiro contato com a agricultura orgânica e o cooperativismo. Logo após o
primeiro contato, iniciou com muito entusiasmo algumas produções no sistema
orgânico. A procura de produtos orgânicos cresceu e surgiu Associação Ecológica
Recanto da Natureza e o Verde Serra. Devido a algumas dificuldades enfrentadas,
as famílias do Verde Serra desistiram da cultura orgânica, a do Recanto da
Natureza existe até hoje. A referida associação deseja mostrar à sociedade que
tem condições de continuar desenvolvendo seu trabalho dentro de uma Unidade de
Conservação, mantendo as famílias no meio rural, evitando a erosão,
contaminação do solo, da água e gerando emprego e renda. A proposta é produzir
sem poluir e ter uma vida mais digna no meio rural vivendo em harmonia com a
natureza.
Algumas famílias ainda
continuam produzindo utilizando agrotóxicos, mas acredito que um incentivo do
Governo facilitaria a transição para o cultivo orgânico através da assistência
técnica e mostrando os benefícios à saúde e ao meio ambiente. O pagamento por
serviços ambientais poderia ser adotado e teria direito de participar somente
as famílias que tivessem a produção orgânica. Este benefício ajudaria a
preservar os rios.
Como o parque da Serra
do Tabuleiro é de proteção integral, a comunidade conseguiu converter uma parte
para proteção ambiental através do decreto nº 3.504, de 10 de setembro de 2010
para pelo menos poder construir uma casa para seus descendentes. O decreto gera
polêmica e o Ministério Público entrou com ação de inconstitucionalidade, pois
acredita que pode levar à especulação imobiliária e a agricultura para o local
gerando mais poluição. Acredito que agricultura e preservação do meio ambiente
podem caminhar juntas sim. O que falta é um alinhamento entre as partes, o que
pode ser feito no local. Além da água nós também dependemos da agricultura para
sobreviver e sendo orgânica é melhor ainda.
Fonte: Agroecologia: A semente para a sustentabilidade, Epagri, 2009
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